Adriana Simon
© Copyright 2001 Adriana Simon. All rights reserved.







































Writer Resumé

Top

12/2002 - Brazil: Story "Dainara" to be published in the book by Ano-Luz Como é Gostosa Minha Alienígena - Portuguese.

07/2002 - Greece: Story "After the Flood" was translated by Faidon Kirimis and was published in the issue 7 of Greek Magazine of Science Fiction "The Dramaturges of the Yann". The magazine was founded on 2001 by the “Fantastic Society of Ioannina”, is published quarterly and you are able to contact it through email of Editor in Chief (Nikos Theodorou): niktheod@panafonet.gr or facli@mail.gr - Greek.

07/2002 - Brazil: Second place in the Brazilian national prize Nautillus - Magazine Sci-Fi Brasil

04/2002 - United States: Name and picture published in the text "SF in Brazil", issue 495 of the Locus Magazine - English.

12/2001 - International: Story "Sisters" published in the newsletter "Isolated M" of Mensa International distributed in several countries - English.

11/2001 - United States: Story "Sisters" published in the newsletter "Flamenco" of Miami Mensa - English.

10/2001 - England: Story "Invasion Attempt" published in the newsletter "NoW" of North West UK Mensa - English.

08/2001 - United States: Story "Mass" published in the newsletter "Flamenco" of Miami Mensa - English.

05/2001 - United States: Story "Invasion from Zircon" published in the newsletter "Flamenco" of Miami Mensa - English.

03/2001 - United States: Story "After the Flood" published in the newsletter "Flamenco" of Miami Mensa - English.

10/2000 - Brazil: Story "Lugar de Ninguém" published in the book by Writers Lugar de Mulher é na Cozinha - Portuguese.

03/2000 - Brazil: Story "Kupe-Dyeb" published in the book by Ano-luz Phantastica Brasiliana - Portuguese.

06/1999 - Portugal: Story "Trânsito" published in the magazine Paradoxo of Simetria - Portuguese.

06/1998 - Brazil: Story "O Rude Esporte Humano" published in the book by Ano-luz Outras Copas, Outros Mundos - Portuguese.

06/1997 - Brazil: Story "As Irmãs" published in the Magazine Quark 003 - Portuguese.

05/1997 - Brazil: Story "Tentativa de Invasão" published in the Magazine Quark 002 - Portuguese.

04/1997 - Brazil: Story "Missa" published in the Magazine Quark 001 - Portuguese.

03/1997 - Brazil: Story "Mar de Janeiro II" published in the Magazine Quark 000 - Portuguese.

02/1997 - Brazil: Story "As Irmãs" published in the newsletter Somnium nº 67 of CLFC - Portuguese.

02/1997 - Brazil: Story "Mar de Janeiro" published in the newsletter Megalon nº 49 - Portuguese.

02/1996 - Brazil: Story "Missa" published in the newsletter Intrepid nº 05 - Portuguese.

02/1996 - Brazil: Story "Tentativa de Invasão" published in the newsletter Megalon nº 45 - Portuguese.

02/1995 - Brazil: Article "A Possível Descoberta de Vida em Marte" published in the newsletter Somnium nº 65 of CLFC - Portuguese.

Top










A little bit of my life :-)

Top

I was born in São Paulo in November 30th of 1971, but I moved to Rio de Janeiro just few months later.

We (me, my parents Vera and Haroldo and my sister Simone (born in 1974) lived in Rio until the end of 1982, when my father decided to take care of the family's Hotel Simon which is located in the beautiful National Park of Itatiaia, state of Rio de Janeiro.

In 1988 I moved to São Paulo to live with my grandmother Ivone.

In 1990 I start my BS Degree in Mechanical and Industrial Engineering at FEI and finished in the end of 1994.

In 2000 I moved to Miami, Florida, USA.

I am an active member of Mensa and also a member of Triple Nine Society.



OTHERS LINKS:

IQ Societies:
Mensa Brazil
Mensa International
Mensa USA
Mensa Miami
Triple Nine Society

Top










Photos



Top


DRI


FRIENDS

















Curriculum Vitae



Top


ENGLISH

PORTUGUÊS

ESPAÑOL

















Other Stories

Top

Stories/poems written by friends specially for me.
PORTUGUÊS:
Renegado by Marcel A Bonatelli Cardim
ENGLISH:
Serial Dri by Carlos M. Leite
Devil Dri by Carlos M. Leite


Thanks

I'd like to thank from CLFC: Gerson Lodi-Ribeiro, Ataíde Tartari, Marcello Simão Branco and Martha Argel. From Mensa: Donostia M. I. Ziegenfisch, Rogério Vieira, Rolim, Daniel Spiegel, Percy and Marlene Adams. From Greece: Faidon Kirimis and Nikos Theodorou. All these people between many others, helped me by editing, translating and/or giving precious suggestions. I'm sorry if I forgot someone. Please let me know and I'll include ASAP.









Science Fiction Short Stories

Top

ENGLISH:
After the Flood

PORTUGUÊS:
Mar de Janeiro II, As Irmãs, Missa, Tentativa de Invasão,

ESPAÑOL:
Mar de Enero

DEUTSCH:
Rio de Janeiro, jetzt Januarmeer
Translated by Donostia M. I. Ziegenfisch

GREEK:
I'm currently having some trouble to include the story in Greek font. If you're interested on reading it,
please send me an e-mail to adriana_simon@yahoo.com and I'll send you by e-mail.





Mar de Janeiro II

Top


Rio de Janeiro, 19 de abril de 2013.


Querido Pai,


Escrevo com saudades para te dizer que estou bem. Diga para mamãe não se preocupar, e que estou morrendo de saudades da comida dela. Escrevi várias cartas, mas só agora estou tendo condições de enviar uma.


A elevação no nível da água aconteceu tão subitamente que os cariocas se lembraram do tempo em que a Cidade Maravilhosa ficava constantemente alagada, por isto todos aqui chamamos esta catástrofe mundial de "a grande enchente". Pensando bem, nós merecemos. Poluímos tanto do nosso planeta, que foi isto que ele nos deu em troca.


Os três primeiros meses após o acontecimento foram um tanto complicados. Meu apartamento no quinto andar ficou totalmente inundado logo nos primeiros momentos da enchente. Depois, a inundação chegou até o décimo andar do meu prédio. Estou morando com Amanda, minha noiva. Por sinal, devo minha vida a ela, já que no momento da catástrofe estava em seu apartamento assistindo a um filme no vídeo. Desde aquele dia estou morando aqui. O apartamento, que ficava no décimo primeiro andar, é localizado em ponto mais alto que o meu e agora equivale a um quarto andar. É nestas horas que vale à pena morar em um apartamento alto. No começo era complicado sair, mas com a solidariedade de todos conseguimos melhorar muito as coisas. Na hora da necessidade, sabe como é que é, ou as pessoas matam umas às outras, ou se ajudam. Por enquanto estão todos se ajudando. Sabe-se lá o que acontecerá no futuro. Como o nível da água estabilizou entre o sexto e o sétimo andar, transformamos o sétimo em térreo, derrubamos uma parede de acesso ao corredor, e agora podemos tranqüilamente fazer uso das escadas. Pessoas que tinham parentes se mudaram para lugares mais secos. Muitos se foram. Gozamos de uma certa segurança, já que os ladrões hoje se preocupam mais em recolher os pertences abandonados por seus donos, do que em tirar o pouco dos que ficaram. Além disso ganham uma grana razoável vendendo comida para gente, ou trocando coisas conosco. Temos um outro ponto a favor, somos considerados por alguns como escolhidos por Deus. Costumam chamar os bairros alagados de Mar de Janeiro e os habitantes, de renascidos. Na verdade, com tudo afundado, o Cristo Redentor está mais baixo, e realmente nos sentimos um pouco mais perto de Deus.


Pouco tempo após o dia da enchente, um prédio ao lado do nosso desmoronou arremessando entulhos contra o nosso. Um pedaço grande do que antes deveria ser uma viga entrou pela janela, atravessando o nosso quarto e caindo sobre nós, enquanto dormíamos. Eu fiquei só um pouco dolorido. Uns arranhões, uns hematomas, e nada mais. Amanda não teve tanta sorte e quebrou sua perna no acidente. Por isto ainda estamos aqui. Consegui trazer um médico para engessar a perna dela, mas agora fica difícil para ela se locomover. Daqui a um mês ela vai tirar o gesso, e então iremos para aí. Nunca senti tantas saudades de Itatiaia. Aí, nessas alturas, nada deve ter mudado, não é?


Estou conformado. Também, não posso reclamar. Agradeço a Deus por ter salvo a minha vida. Para Dadá (é assim que ela gosta de ser chamada), foi tudo muito pior. Seus pais haviam ido a um supermercado, e morreram no caminho de volta. Amanda ainda ouviu seus berros pelo celular, quando sua mãe ligou do engarrafamento. Seu irmão, Arthur, se salvou por pouco. Conseguiu chegar nadando naquele dia, e entrou içado pelo quarto andar. No dia seguinte a água já estava no sexto. Agora, moramos os três aqui. Muitos não voltaram mais, por isso, as pessoas dos andares inferiores que estavam desabrigadas ocuparam os superiores. O pessoal do quarto andar agora está no décimo segundo, ou melhor, quinto do nosso prédio que antes tinha dezesseis andares.


A catástrofe foi considerada (claro!) calamidade natural e não recebemos nenhum prêmio do seguro. De vez em quando o Exército manda víveres para nós. Só agora estão mandando embarcações para recolher as pessoas. Com todas as cidades litorâneas alagadas, está tudo uma confusão. Tem muita coisa que precisa ser consertada, centrais de energia, de comunicações... Muita gente morta, desaparecida...


Eu, claro, estou desempregado, já que o aeroporto Santos Dumont está destruído novamente. Primeiro foi o incêndio, e agora a água. Ele está literalmente afundado. Mas arranjei um outro emprego. Com a ajuda e a aparelhagem de Arthur, aprendi a mergulhar. Nós dois passamos o dia mergulhando atrás de jóias, metais preciosos, comida enlatada, e quaisquer coisas que achemos úteis. Outro dia achei um faqueiro de prata com detalhes em ouro, e foi a maior festa. Troquei com os cambistas por 1 roupa de neoprene, alimentos, curativos e remédios, além de algumas coisinhas para Amanda. Sabe como são as mulheres: mesmo sem poder andar, ela quer se enfeitar. Esses cambistas ganham muito bem. Alguns que moravam no morro conseguiram cercar um local, aterraram com areia, e fizeram uma nova praia. Agora cobram ingresso e tem muito turista que vem visitar. Carioca tem mesmo jeitinho para tudo.


O transporte por aqui é feito de acordo com as condições de cada um. São usados barcos, jet-skies, botes infláveis, caiaques, pranchas, pedaços de madeira ou de isopor, e qualquer coisa que bóie. O bondinho, movido à energia solar, ainda funciona, e agora é uma espécie de trem de carga, sendo bastante utilizado para trazer madeira seca do alto do morro. Ou mesmo para tentar relembrar os velhos tempos. Na verdade, não costumamos sair muito, a não ser para pescar (é assim que nos referimos aos mergulhos a procura de objetos).


Sentimos falta de muitas coisas, de nossos amigos, de nossos pais, das nossas coisas, da nossa vida, de luz elétrica, dos computadores,...


Já vasculhei todo meu apartamento, mas consegui salvar pouca coisa. Diga a mamãe que consegui pegar o santinho de ouro que ela me deu. Antes eu não o usava, com medo de ser assaltado, mas agora não o tiro do pescoço. Sempre economizei, guardei tanta coisa com medo de ser roubado, de gastar, de perder, de estragar,... E agora tudo se foi, num piscar de olhos. E fico pensando... Para que a gente guarda tanto, se mais cedo ou mais tarde vamos ficar sem? Devia ter dado aquele relógio de bolso do vovô para o Ricardo já que ele queria tanto. Nunca usei, nem nunca deixei ele usar, e agora se foi. Mande desculpas e um forte abraço a ele. Bem, não adianta se lamentar. Agradeço a Deus todos os dias, por vocês estarem bem, longe, sãos e salvos.


Com saudades,

Rodrigo.



Amanda dobra a carta e a põe de lado. Vira-se um pouco e sente sua perna doer, "é melhor do que não sentir nada", pensa ela, sabendo que seria por pouco tempo. Aonde a fratura é exposta, mosquitos pairam. Ela, desanimada, faz um gesto para afastá-los.


- Obrigada mais uma vez, Dadá - agradece Rodrigo, deitado sobre uma velha cortina que faz a vez de um colchão. Suas mãos tinham sofrido sérias queimaduras e desde então jaziam enfaixadas, por esta razão, contava com sua noiva para escrever suas cartas.


Amanda não responde. Limita-se a colocar o papel em um envelope usado e endereçá-lo, sob o olhar atento de Rodrigo.


- Quando você vai colocá-la no correio?


- Hoje a tarde - responde de Amanda. Sua garganta doía e era com esforço que falava.


Rodrigo observa, até que o cansaço e a febre o vencem novamente e ele se põe a dormir. Amanda olha para ele carinhosamente. Arrasta-se pelo aposento até uma caixa de papelão de onde tira um pedaço de pão velho que já estava sendo devorado por uma barata. Seu estômago dói, e aquele pão lhe dá um certo alívio.


Aproxima-se de um buraco na parede, por onde joga a carta. Pelo mesmo vão, pode ver a alguns metros abaixo, o papel boiar na água suja e desaparecer na correnteza. Rodrigo se mexe em seu leito, e ela olha em sua direção constatando que ele continua a dormir. Já havia tentado convencê-lo que não adiantaria escrever, que não havia correio nem nenhum meio de entrar em contato com seus pais. Todas às vezes que havia insistido no assunto, ele perdera o controle, chegando até mesmo a colocar fogo no aposento que residiam e se ferindo gravemente. No momento seguinte ele esquecia, ou melhor apagava de sua mente. Era sua maneira de acreditar que havia esperança, se enganar para continuar a viver. Melhor assim, pois ela já não tinha mais nenhuma.


Top






As Irmãs

Top


Daniela olhava para sua irmã Roberta, admirando-a. Sempre quis ser como ela. Ela era tão decidida, tão segura, tão positiva... Todos gostavam dela. Sabia, é claro, que também gostavam de si, mas a admiração por Roberta fora sempre maior. Não sentia ciúmes, muito pelo contrário, sentia mais orgulho do que qualquer pessoa. Era sua maior fã, e se espelhava nela para tudo o que fazia. Quando Roberta estava com vontade de algo, era suficiente para que ela também ficasse, e quando Roberta se entristecia, ela também sentia o mesmo.


As duas irmãs eram literalmente inseparáveis e se divertiam muito juntas, pois gostavam das mesmas coisas. Costumavam brincar e correr pelo gramado do jardim e pela estradinha de acesso à sua casa. Também jogavam bola, viam televisão, liam e tudo mais. Moravam numa boa casa na montanha, cercada de muito verde. Sua mãe as levava de manhã para o colégio e as pegava à tarde. Quando chegavam, tomavam banho e faziam as lições, ambas eram muito aplicadas, e quando uma delas tinha alguma dúvida na matéria, a outra prontamente ajudava.


Naqueles tempos, era muito difícil conviver com as pessoas e às vezes Daniela se sentia incompreendida por todos. Seus pais eram carinhosos, mas deixavam transparecer sua preferência por Ricardo, o caçula. A única pessoa que compartilhava de seus anseios, de suas alegrias, tristezas e tudo o que sentia, era a irmã.


Roberta notou o olhar pensativo da irmã e sorriu. Sabia ser fundamental para ela, assim como ela era para si. Dani era tranqüila, e sempre a apoiava. Ela era a força de que precisava, a racionalidade, os pés no chão. Se não fosse assim, com certeza tudo seria muito diferente. As duas se completavam, nunca se separariam, por mais que algumas pessoas assim o quisessem.


Uma determinada noite, Daniela acordou sobressaltada. Deitada na cama, olhou pela janela e viu uma forte luz, azulada. Cutucou Roberta, sentindo um arrepio de medo subir pela espinha:


- Acorda, Roberta.


Roberta resmungou sonolenta:


- O que é que foi, Dani?


- Olha pela janela - apontou Daniela.


Roberta se virou na direção indicada e viu a luz. Esfregou o rosto e olhou novamente, não acreditando no que via. Ficou observando parada, pensando.


- O que vamos fazer, Roberta?


- Bem, acho que o jeito é ir olhar de perto - disse Roberta, arrumando o cabelo.


Daniela olhou assustada para a irmã, mas não tinha o que discutir, qualquer desejo de Roberta era para ela uma ordem. As duas se levantaram, colocaram o pegnoir e desceram as escadas, pé ante pé, com o máximo cuidado possível para não acordarem os pais. A escada, forrada com carpete marrom, ajudava a abafar o ruído. Roberta pegou as chaves que ficavam em uma caneca comemorativa de chopp, sobre a estante. Abriu a porta e saíram para o jardim.


- Acho que a luz está menor - disse Daniela.


- Olhe com mais atenção, está mais longe e não menor - constatou Roberta.


Elas se encaminharam na direção da luz, se aproximando cada vez mais, atraídas pela curiosidade de saber o que era aquilo. Chegaram tão perto que ficaram sob a luz. Cada vez mais, a luz as envolvia. Era uma luz azulada, dando a impressão de ser fria, mas não foi isto que sentiram. Muito pelo contrário, a temperatura era morna, aconchegante e provocava uma certa sonolência. A luz, ao alto, foi puxando-as para cima, vagarosamente. Aos poucos vislumbraram um disco voador no céu. Devido à sonolência e à suavidade com que eram levantadas do chão, elas não se apercebiam do que estava acontecendo. Chegando ao disco, foram recebidas, calorosamente. Estavam tontas de sono e não conseguiam avaliar direito como eram aquelas pessoas. Foram depositadas gentilmente sobre uma maca e dormiram. Daniela, que tinha o sono mais leve, acordou primeiro, e acordou sua irmã.


- Vamos, levante. Será que é sempre tão difícil acordar você? - Daniela falou.


- Ah, deixa eu dormir. Que horas são? - Balbuciou Roberta.


- Vai, acorda, quero saber que lugar é este - disse Daniela, balançando a irmã.


Roberta abriu os olhos, desnorteada.


- Nossa, eu estava dormindo tão bem que até esqueci onde estava. Vamos tentar descobrir o que aconteceu...


Elas se levantaram da cama, caminhando pela saleta. O chão era escuro, extremamente liso e refletia a imagem delas. Ficaram nas pontas dos pés para olhar através da escotilha. Encantadas, elas viram a Terra do tamanho de uma bola de futebol.


- Não é lindo, Dani?


- É maravilhoso. O que será que estamos fazendo aqui?


- Isto eu não sei, mas não estou com medo, não sei explicar por que. As pessoas que nos pegaram nos trataram tão delicadamente, que só posso imaginar que desejem nosso bem.


- Tenho a mesma sensação. Só fico triste pelos nossos pais, sei que vão sentir nossa falta...


- Você tem razão, mas acho que será melhor assim. Afinal de contas era muito difícil cuidar da gente.


- Olha só este monitor. São eles! - Notou Roberta.


O monitor, sobre uma bancada, focalizava os pais das meninas no jardim da casa.


- Realmente estão tristes, mas também parecem um pouco aliviados - continuou Roberta.


- Foi o que eu disse, nós éramos um fardo muito pesado para eles. E eles têm o Ricardo. Logo, logo vão superar tudo isso.


- Você parece tão calma. Na verdade eu também estou. Estou me sentindo tão leve, tão segura, como nunca me senti antes.


- Bem, só nos resta relaxar e esperar para ver o que vai acontecer.


Após alguns minutos, a porta se abriu deslizando, e uma pessoa entrou no recinto, falando:


- Finalmente vocês acordaram. Estávamos esperando ansiosamente por este momento.


Daniela arregalou os olhos assustada:


- Você... Você tem...Tem... - trêmula, não conseguiu terminar a frase.


As duas cabeças do humanóide sorriram.


- Não sei porque vocês estão tão assustadas, não há motivo para isto.


As duas irmãs siamesas se olharam e sorriram.


Realmente não havia motivo.


Top






Missa

Top


Já estavam atrasados. O pai olhou no relógio impaciente, já estava esperando há um bom tempo seus filhos se arrumarem. Olhou feio para a esposa, dirigindo-se para a saída.


- Não agüento mais ficar aqui em pé, estou esperando no carro.


A mãe subiu para ver o que estava acontecendo com as crianças que não desciam. Quando chegou ao quarto não se surpreendeu, elas estavam brigando, completamente desarrumadas. Deu um berro:


- Parem agora!


As crianças obedeceram imediatamente, pois sabiam que quando a mãe gritava era sério, e não queriam se arriscar a levar uns tapas. A mãe ajeitou rapidamente os filhos e empurrou-os para baixo. No carro, o pai estava prestes a ter um ataque nervoso.


- Por que vocês demoraram tanto! - Perguntou o pai, vendo as crianças se encolherem trêmulas no banco de trás. - Se nós não estivéssemos indo para a missa, e eu não estivesse me esforçando para ficar calmo, vocês iam ver só.


Ele ligou o carro e saiu, arrancando. Após algum tempo chegaram na igreja, que já estava cheia de fiéis. Estacionaram o carro e quando iam entrar ouviram um tumulto a pouca distância. Carregando as crianças, o casal se aproximou para tentar descobrir o que estava acontecendo. Era uma espécie de passeata, com pessoas de todas as idades, inclusive crianças.


- Você consegue enxergar alguma coisa ? - perguntou a mãe para o pai, que era mais alto.


- Eles estão carregando algum tipo de aparelho, que não consigo identificar.


- O que tem nos cartazes ? - perguntou ela.


- Parece que são desenhos, imagens de um ser muito estranho, alienígena.


Os integrantes da passeata cantavam uma bonita música, afirmando ser aquele o seu Deus. Carregavam várias faixas, escritas com frases do tipo "Vejam a luz, este é o Senhor" e "Deus é amor".. Ficaram observando por algum tempo. Algumas pessoas os chamavam para participar.


O que parecia ser o líder, subiu num caixote. As outras pessoas que participavam da passeata se juntaram ao redor dele. O líder pigarreou e disse em voz alta:


- Amigos e amigas, jovens, crianças e idosos. Ouçam todos. Deus nos deu um sinal. Mandou até nós este aparelho contendo boa parte do seu legado. Seu temperamento benevolente fez com que perdoasse a nossa ignorância por tanto tempo, e nos deu mais uma chance de enxergar.


- Aleluia! - Responderam os fiéis do novo Deus.


- Pois é, meus caros irmãos, esta é a nossa última chance de acreditar no Senhor e sermos salvos. Por isto, deixem tudo de lado e nos acompanhem. Deixem suas casas, seus carros e todos os seus bens materiais e venham conosco, em busca da vida eterna.


O pai balançou a cabeça, confuso, e disse:


- É melhor entrarmos na igreja.


A mãe e as crianças seguiram-no. Entraram e ouviram o padre falando:


- Caros irmãos, antes de iniciar a missa, gostaria de dizer algumas palavras. Vocês não podem dar ouvidos a estes loucos aí fora. Isto é blasfêmia, e estes pecadores irão para o inferno por isto que estão pregando.


Uma senhora sentada bem na frente fez um sinal. O padre assentiu com a cabeça para que falasse.


- Me desculpe, senhor padre, mas eu gostaria que me explicasse o que está acontecendo.


- Bem, acho que é melhor eu mesmo explicar do que vocês buscarem respostas com eles. Como vocês sabem, a algum tempo atrás chegou do espaço um aparelho com várias informações sobre um povo alienígena. Várias informações, como fórmulas matemáticas, eram coisas que já conhecíamos, mas algumas outras não puderam ser decifradas. Vários cientistas trabalharam na tentativa de descobrir uma explicação. Acontece que um destes cientistas falou que descobriu nestas informações como é Deus e agora está pregando para todos. Como já disse isto é blasfêmia. Está escrito nas Escrituras: "... fomos feitos à imagem e semelhança de Deus". E eles insistem em que ele pode ser aquele ser repugnante, com pelos longos no rosto e espinhos na testa. Gostaria que todos vocês refletissem sobre tudo o que falei e não se deixassem iludir com as palavras deles. Afinal, vocês sabem que é preciso ter fé para alcançar a paz eterna.


A mãe suspirou aliviada. É claro que tinha fé. Queria acreditar nas palavras do padre, principalmente por não ter que deixar suas coisas para seguir junto com a passeata. Agora estava tranqüila, sempre se sentia segura com suas palavras. Olhou para o marido e sorriu, acariciou suas costas com o seu tentáculo, esquecendo por um momento as crianças que voavam no alto do templo.


Top






Tentativa de Invasão

Top


Gium olhava para o monitor, cansado. Sua pele úmida e viscosa, agora estava ressecada. Sentia necessidade de se fluidorizar. Só pensava na sensação fria e agradável que a limpeza lhe causaria, na sucção que retiraria o excesso do fluido de seu corpo e... Balançou a cabeça jogando os tentáculos cefálicos para trás. Tentava se concentrar novamente na questão no monitor a sua frente. Já estava na quinquagésima questão. A última e uma das mais difíceis.


Seja o que Ziluk quiser - pensou ele, arriscando uma resposta. Franziu seus olhos e o monitor se desligou. Neste momento, muitos jovens como ele estavam em seus aposentos fazendo a mesma prova. Seria uma honra para qualquer um deles participar da nova turma que os governantes de Zircon enviariam para fazer o reconhecimento do planeta azul e a preparação necessária para a invasão. Na verdade, para ele a invasão, por assim dizer, era o que menos importava. O que eles efetivamente desejavam era viajar pelo espaço, conhecer outro planeta, outra civilização, e tudo o que isto implicava. A grande maioria dos zirconianos passavam a vida inteira trabalhando na extração de fluido. Muito tempo antes, havia fluido na superfície do planeta, mas com o passar dos anos, este fora se esgotando. Os zirconianos, antes anfíbios, haviam se tornado animais terrestres, mas o fluido continuava sendo indispensável para sua sobrevivência.


Os pequenos lagos na superfície eram destinados para a procriação da espécie. Após a fecundação, as fêmeas depositavam os ovos nos lagos. Os ovos eram arrastados até lençóis abaixo da terra, onde o calor era necessário para o término de sua evolução. Quando saíam dos ovos, os bebês instintivamente voltavam para o lago e entravam em contato telepático com suas mães, que se apressavam em resgatá-los. Aqueles que não conseguiam se comunicar telepaticamente morriam afogados nas primeiras horas de vida, pois sua força não resistia por muito tempo. Por isto, a telepatia se tornou fundamental para eles, tornando seu principal meio de comunicação, a voz nunca era utilizada. Com isto, tinham desenvolvido bastante os poderes da mente, assim como a telecinese.


Gium ligou mentalmente seu "colchão" e se deitou. Era uma chance única - pensava ele - poder viver em outro corpo, fazer coisas nova, ter uma vida diferente de todos que conhecia. Adormeceu pensando no seu futuro, e no seu último teste que seria no dia seguinte.


Acordou na manhã seguinte, vestiu o uniforme, tomou um copo do fluido. Se preparando para o último teste. Havia feito um treinamento durante meses para conseguir "falar" emitindo sons. Nunca pensou que aquilo seria necessário. Era muito melhor se comunicar mentalmente, pois não importava a distância, nem o meio em que se encontravam.


Sentou na frente do monitor. O teste se consistia em repetir sons que eram emitidos pelo computador, da melhor forma possível, para posteriormente serem analisados. Dos numerosos voluntários, mais da metade fora eliminada no primeiro teste físico, que consistia em se ter cordas vocais. Como os zirconianos se comunicavam via telepatia, muitos deles já não possuíam mais cordas vocais, quer fosse pela evolução da espécie, por cirurgias de retiradas impostas por algumas religiões ou por mera praticidade. Quando havia alguma inflamação nas cordas vocais, estas eram retiradas devido a sua inutilidade funcional. Os voluntários que passaram no teste físico, haviam sido treinados a usar cordas vocais para poderem aprender a se comunicar com os terráqueos. Como a viagem impossibilitava que levassem qualquer tipo de equipamento, não poderiam levar os decodificadores cerebrais que normalmente utilizavam para se comunicarem com outros seres de sua galáxia. Após o término do teste, finalmente pode relaxar. Havia meses que estava isolado de todos os que conhecia. Na verdade, estava isolado de todos os que não conhecia também, para que os testes não fossem influenciados.


Se fluidorizou e saiu para rever alguns conhecidos. Como era bom sentir aquela brisa fresca em seu rosto, ver as nuvens se agitando no céu rosado. Era uma pena que os zirconianos passassem tanto tempo da sua vida extraindo fluido. As máquinas que construíam não eram eficientes, pois mais cedo ou mais tarde eram derretidas pelo fluido. Todos os materiais que conheciam eram dissolvidos pelo fluido, com exceção de seus corpos, que eram compostos quase que totalmente dele.


Após algumas semanas de descanso, Gium recebeu o chamado. Havia sido escolhido! Nem acreditava que pudesse ser verdade. Compareceu a uma solenidade na grande câmara, onde foi homenageado juntamente com muitos outros.


Esta era a terceira turma que seria enviada. As duas anteriores não tinham entrado em contato. Não sabiam exatamente o que havia acontecido, mas imaginavam que eles haviam tido problemas de adaptação que os impediram de pôr em prática a missão para qual foram enviados. Por isto, desta vez os voluntários haviam passado por uma seleção rigorosa.


Gium lembrou dos inúmeros testes físicos e mentais pelos quais passara, alguns com muita dificuldade.


Ao final dos testes, a turma restante era cinqüenta vezes menor que o número inicial de voluntários. Apesar das dificuldades, fora um dos melhores do grupo. Era uma honra e uma responsabilidade enorme, ia dar o máximo de si para concluir a missão o melhor possível.


Como não sabiam para onde da Terra os escolhidos seriam enviados, haviam sido treinados da melhor forma possível para que pudessem superar as dificuldades, que com certeza seriam muitas. A turma se submeteu por muito tempo a vacinas e treinamento diários e rigorosos. Agora formavam uma longa fila que seguia o capitão até a Grande Câmara, seus reflexos no chão formavam uma outra fila imaginária.


O silêncio era impressionante. Gium olhou para o teto ovalado que reluzia sentindo uma pontada de insegurança pelo que estava por vir. Na Câmara, se posicionaram ao lado de cada uma das cápsulas. O capitão deu um sinal, e todos tiraram as indumentárias, que colocaram ao lado. Cada um deitou na cápsula adjacente. Gium conectou os fios no seu corpo conforme fora instruído. Mais uma vez sentiu uma pontada de receio, pois sabia que sua viagem seria longa, mesmo pelos padrões zirconianos. Fechou os olhos e entrou em estado alfa. Tinha uma leve sensação de movimento. Os escolhidos chegariam na Terra com diferença de tempo, devido às trajetórias, que não seriam as mesmas para evitar que possíveis choques no espaço liquidassem todos de uma só vez. As partículas de seu corpo, assim como a de todos os outros, viajaram por inúmeras galáxias até finalmente chegar a seu destino.


Quando recobrou a consciência, estava em um lugar quente, úmido, escuro, mas até que agradável. As partículas de seu corpo formavam agora um ser microscópico, que para ele, cresceu rapidamente. Após o equivalente a apenas algumas horas zirconianas, já era bem maior e foi tirado de lá para a claridade de fora. Tudo passava muito rápido, não conseguia saber exatamente o que estava acontecendo. Sabia que seria difícil se adaptar àquele corpo mas, pensava ele, ainda teria tempo para se adaptar. No começo chegou até a arriscar algumas palavras, para ver se conseguia se adaptar às cordas vocais dos terráqueos, que eram diferentes das do seu corpo original. Como ainda não podia fazê-lo adequadamente, resolveu esperar mais algum tempo e se concentrar na adaptação plena. Após alguns dias zirconianos, já estava ligeiramente melhor. Tentou se comunicar com outros zirconianos mas nas poucas conversas que teve decidiu que seria melhor se concentrar na sua adaptação. Conversas ficariam para depois.


Não conseguia se acostumar com aquela cabeça, e a balançava para frente e para trás, na tentativa de alcançar o equilíbrio. Devido à sua diferente percepção, ainda não conseguia identificar claramente o que acontecia a sua volta. Olhava para suas mãos e contava com os dedos, a distância de sua terra natal e os dias que precisaria para concluir a missão. Olhou um instante pela janela, com saudades de seu planeta. Os zirconianos não sabiam que o ciclo de vida deles é muito maior que a dos humanos, e os dias, muito maiores que os terrestres. Para Gium, aqueles anos na Terra equivaliam a dias em Zircon e o tempo passava rapidamente.


Um casal, a alguma distância olhava para o jovem que brincava com os dedos.


- Estes anos passaram tão depressa...Parece que foi ontem que ele estava aqui em minha barriga - disse a mulher.


- É, ele cresceu depressa - disse o homem.


- Olha, ele parou de brincar com as mãos e tem um olhar tão compenetrado que até parece normal.


- Tem razão, nestas horas eu até me esqueço que ele é autista.


Gium e os demais zirconianos nem imaginavam que o tempo necessário para a adaptação era superior ao tempo de vida do corpo humano, impossibilitando a comunicação com seu planeta natal e a preparação para a invasão. Por muitos anos zirconianos, os governantes de Zircon mandaram várias turmas sem obter êxito, então finalmente desistiram.


Top






Mar de Enero

Top


Rio de Janeiro, 19 de abril de 2013.


Estimado Padre,


Yo escribo con nostalgias para decirte que estoy bien. Diga para mamá que no se preocupe, y que estoy con nostalgias de su comida. Yo he escrito varias cartas, pero sólo ahora estoy en condiciones para enviarte una. La elevación del nivel del mar ha sucedido tán súbitamente, que los cariocas recordaron el tiempo en que la Ciudad Maravillosa quedaba siempre inundada. Por esa razón nosostros por aquí llamamos esta catástrofe mundial de "La Gran Inundación". Pensando bien, nosotros lo merecemos. Contaminamos tanto nuestro planeta que es eso que él nos dá en cambio.


Los primeros tres meses después de lo sucedido fueron un poco complicados. Mi apartamento en el quinto piso ha quedado totalmente inundado ya en los primeros momentos de la inundación. Después, el agua ha llegado hasta el décimo piso del edificio. Estoy viviendo con Amanda, mí prometida. Por señal, debo mí vida a ella, pues en el momento de la catástrofe estaba en su habitación asistiendo a un vídeo. Desde ese día yo estoy viviendo aquí. El apartamento que estaba en el décimo primer piso se localiza en un punto más alto que el mío y ahora es igual a un cuarto piso. Es en estas horas que vale la pena vivir en un apartamento alto.


Al principio fue complicado para salir, pero con la solidariedad de todos consiguimos mejorar mucho las cosas. En la hora de la necesidad, sabes como es, las personas se matan, o se ayudan. Por ahora están todos ayudándose. No sabemos que sucederá en el futuro. Como el nivel del agua se ha estabilizado entre el sexto y el séptimo piso, nosotros transformamos el séptimo en térreo. Derribamos una pared de acceso al corredor, y ahora apaciblemente podemos hacer uso de las escaleras. Las personas que tenían parientes se han ido para lugares más secos. Muchos se fueron. Nosotros disfrutamos una cierta seguridad, yá que los ladrones se preocupan más en recoger cosas abandonadas por sus dueños que quitar lo poco de los que quedaron. Además, ellos ganan un dinero razonable vendiendo comida, o cambiando cosas con nosotros. Tenemos otro punto a favor, somos considerados por algunos como escogidos por Diós. Llamam los barrios inundados de "Mar de Janeiro" y a los habitantes, de "renacidos". En verdad, con todo inundado, Cristo Redentor está más bajo, y nosotros realmente nos sentimos un poco más cerca de Dios.


Poco tempo después del día de la inundación, un edificio al lado del nuestro desmoronó arremesando vertederos contra el nuestro. Un pedazo grande de concreto que antes deberia ser una viga, ha entrado por la ventana, ha cruzado nuestro cuarto y ha caído sobre nosotros, mientras estábamos dormindo. Yo quedé solo un poco dolorido. Algúnos arañazos, algúnos hematomas, y nada más. Amanda no tuvo tanta suerte y se rompió la pierna en el accidente. Por esta razón quedamos por aquí. Yo conseguí traer un doctor para enyesar su pierna, pero ahora es difícil para ella locomoverse. De aquí a un mes el yeso será sacado y entonces nosotros iremos para ahí. Yo nunca sentí tanta falta de Itatiaia. ¿Ahí, en esas alturas, nada debe estar mudado, verdad?


Estoy conformado. Tampoco, yo puedo quejarme. Yo agradezco a Dios por haber salvado mi vida. Para Dadá (es como a ella le gusta que llamen), es todo muy peor. Sus padres habían ido a un supermercado, y ellos se murieron en su regreso. Amanda oyó sus gritos en el celular, cuando su madre llamó en tránsito. Su hermano, Arthur, casi sobrevivió. Consiguió llegar nadando ese día, y entró izado por el cuarto piso. El día siguiente, el agua ya estaba en el sexto. Ahora, nosotros vivimos los tres aquí. Muchos no volvieron más, por eso las personas de los pisos inferiores que estaban desabrigadas, ocuparon a los superiores. Las personas del cuarto piso está ahora en el duodécimo, o mejor, quinto de nuestro edificio que antes tenía dieciséis pisos.


La catástrofe fue considerada (per supuesto!) una calamidad natural y nosotros no recibimos cualquier premio del seguro. De vez en cuando el Ejército ordena provisiones para nosotros. Ellos sólo ahora están enviando barcos para recoger a las personas. Con todas las ciudades litoreñas inundadas, todo és confusión. Hay mucha cosa que necesita ser reparada, central de energía, de comunicaciones... Muchas personas muertas, desaparecidas...


Yo, per supuesto, estoy desempleado pues el aeropuerto Santos Dumont se destruyó de nuevo. Primero fue el fuego, y ahora el agua. Él está literalmente hundido. Pero yo obtuve otro empleo. Con la ayuda y el equipo de Arthur, yo aprendí a bucear. Nosotros dos pasamos todo día buceando detrás de las joyas, metales preciosos, comida en conserva, y cualquier cosa que pensamos ser útil. Otro día yo encontré un juego de cubiertos de plata con detalles en oro, y fue una gran fiesta. Yo permuté con el cambiador por un equipo de buzo, comida y medicamentos, además de algunas cosas para Amanda. Tú sabes como son las mujeres: Apesar de no poder caminar, ella quiere adornarse. Estos cambiadores ganan muy bien. Algúnos que vivían en la colina consiguieron rodear un lugar, aterraron con arena, e hicieron una nueva playa. Ahora ellos cobran entrada y hay mucho turista que viene a visitar. Carioca tiene mismo "talento" para todo.


El transporte por aquí se hace de acuerdo a las condiciones de cada uno. Se usan naves, motor de reacción-cielos, los barcos inflables, caiaques, tablas, pedazos de madera o de isopor, y cualquier cosa que flote. El bondinho, movido a la energía solar, todavía trabaja, y ahora es un tipo de tren de carga, usado para traer madera seca de lo alto de la colina. El mismo para intentar recoger los viejos tiempos. En verdad, no salimos mucho, a no ser para pescar (es como nosotros nos refirimos a los buceos a búsqueda de objetos).


Nosotros sentímos falta de muchas cosas, de nuestros amigos, de nuestros padres, de nuestras cosas, de nuestra vida, de luz eléctrica, de las computadoras,...


Yo ya investigué por todo mi apartamento, pero solo conseguí ahorrar poca cosa. Diga a mamá que yo conseguí el pequeño santo de oro que ella me dió. Antes yo no lo usaba, con miedo de ser asaltado, pero ahora yo no lo saco del cuello. Yo siempre ahorré, guardé tanta cosa temiendo ser robado, de gastar, de perder, de estragar... y ahora todo se fué, en un pestañear de ojos. Y pienso mucho... Para que nosotros guardamos tanto, si antes o después nosotros quedaremos sin? Debía ter dado el reloj de bolsillo del abuelo para Ricardo ya que él quería tanto. Yo nunca usé, ni nunca permití que él usara, y ahora se fué. Espero que él me perdone.. Dígale que mando un abrazo muy fuerte a él. Bien, no vale nada lamentar. Yo agradezco todos los días a Dios, por ustedes estar bien, lejos, seguros y sanos.


Con anhelos,

Rodrigo.



Amanda dobla la carta y lo pone de lado. Ella se vuelve un poco y siente su pierna doler, "es mejor que no sentir nada", ella piensa sabiendo que seria por poco tiempo. Donde la fractura es expuesta, los mosquitos vuelan. Ella, desalentada, hace un gesto para espantarselos.


- Gracias una vez más, Dadá - agradece Rodrigo, echado en una cortina vieja que substituye un colchón. Sus manos habían sufrido quemaduras serias y desde entonces ellas estaban fajadas. Por esta razón, contaba con su novia para escribir sus cartas.


Amanda no contesta. Se limita a poner el papel en un sobre usado y enderezarlo, bajo la mirada atenta de Rodrigo.


- ¿Cuándo la pondrás en el correo?


- Hoy por la tarde - contesta Amanda. Su garganta dolía y era con esfuerzo que hablaba.


Rodrigo observa, hasta que la fatiga y la fiebre lo ganan de nuevo y él se vuelve a dormir. Amanda lo mira afectuosamente. Ella se arrastra por el cuarto hasta una caja de papelón de donde quita un pedazo de pan viejo que ya estaba siendo devorado por una cucaracha. Su estómago duele, y ese pan le da un cierto alivio.


Ella se acerca un agujero en la pared, por donde toca la tarjeta. Por el mismo vano, se puede ver algúns metros abajo, el papel flotarse en el agua sucia y desaparecer en la corriente. Rodrigo se mece em su cama, y ella mira en su dirección constatando que él continúa durmiendo.


Ya había intentado convencerlo que no adelantaría escribir, que no había correo ni cualquier medio de entrar en contacto con sus padres. Todas las veces que había insistido en el asunto, él había perdido tino llegando hasta mismo a poner fuego en el cuarto que ellos residían, e hiriendose seriamente. Al momento siguiente él se olvidaba, o mejor, apagaba de su mente. Era su manera de creer que había esperanza, engañandose para continuar viviendo. Mejor así, porque ella no tenia más ninguna.


Top






Rio de Janeiro, jetzt Januarmeer

Top


Rio de Janeiro, 19. April 2013


Lieber Vati!


Voller Wehmut möchte ich dir mitteilen, dass es mir gut geht. Sag Mutti, sie soll sich keine Sorgen machen und dass mir ihre Küche abgeht. Ich habe schon mehrere Briefe geschrieben, aber erst jetzt kann ich dir einen schicken. Der Meeresspiegel ist so schnell gestiegen, dass einzig die Einheimische hier den Zeitpunkt des endgültigen Unterganges unserer wunderbaren Stadt wissen können. Deswegen nennen wir hier diese Weltkatastrofe einfach "die große Flut". Wir haben sie verdient, wohlgemerkt. Wir verpesten unseren Planeten dermaßen, dass er es uns so heimzahlt.


Die ersten drei Monate nach den Ereignissen waren etwas verworren. Meine Wohnung im 5. Stock war gleich in den ersten Minuten der Flut völlig überschwemmt. Danach stieg das Wasser bis zum 10. Stockwerk unseres Hauses. Ich wohne bei Amanda, meiner Verlobten. Ich sehe es als ein Zeichen des Himmels, dass ich ihr mein Leben verdanke, denn als die Katastrofe geschah, schauten wir uns bei ihr ein Video an. Seit diesem Tag wohne ich hier. Diese Wohnung, einst im 10. Stock, liegt höher als meine und ist jetzt sozusagen im 4. Stock. Jetzt macht es sich bezahlt, hoch oben zu wohnen.


Anfangs war es schwierig hinauszukommen, aber durch das Zusammenhalten aller haben wir die Zustände schon deutlich verbessern können. Du weißt, wie es ist: In der Stunde der Not bringen sich die Leute gegenseitig um - oder sie helfen sich. Bis jetzt helfen sich alle. Was künftig passiert, wissen wir nicht. Da sich der Wasserspiegel zwischen 6. und 7. Stockwerk eingependelt hat, machten wir den 7. zum Erdgeschoß. Wir brachen die Wand zum Flur durch und können nun bequem das Treppenhaus benutzen. Die Leute, die keine Verwandten hatten, sind in trockenere Gegenden gezogen. Viele sind gegangen. Wir genießen eine gewisse Sicherheit, jetzt wo die Plünderer sich eher daranmachen, von seinen Besitzern urückgelassenes Zeug mitzunehmen, als den Zurückgebliebenen noch das wenige, was ihnen bleibt, wegzunehmen. Außerdem verdienen sie ordentlich Geld mit Essen verkaufen oder im Tauschhandel mit uns. Eine weitere Gunst ist, dass wir von manchen für von Gott auserwählt gehalten werden. Die überfluteten Stadtviertel nennen sie "Januarmeer" und ihre Einwohner "die Wiedergeborenen". Und in der Tat: Mit allem überschwemmt und der Christus-Erlöser-Kirche noch unterhalb von uns fühlen wir uns tatsächlich Gott ein kleines Stück näher.


Kurz nach dem Überschwemmungstag stürzte ein Gebäude neben unserem ein, so dass Trümmer auf unseres fielen. Ein großes Stück Beton, das wohl vorher ein Querbalken war, kam durchs Fenster, durchquerte das Zimmer und fiel auf uns, während wir schliefen. Ich wurde nur leicht verletzt, ein para Abschürfungen und Blutergüsse, sonst nichts. Amanda hatte nicht so viel Glück und brach sich das Bein bei diesem Unfall. Deswegen sind wir auch hier geblieben. Ich schaffte es, ihr einen Arzt zum Eingipsen des Beins zu holen, aber sie tut sich jetzt schwer beim gehen. Von jetzt an in einem Monat wird sie den Gips abgenommen bekommen und dann werden wir dort hinaufziehen. Dort oben, auf dieser Höhe muss doch alles unverändert sein, nicht wahr?


Ich füge mich ins Schicksal. Ich kann mich auch nicht beklagen. Ich danke Gott, dass er mir das Leben gerettet hat. Dada (so möchte sie gern genannt werden) hat es da viel schlechter. Ihre Eltern waren zum Supermarkt gegangen und starben auf dem Rückweg. Amanda hörte ihr Schreien im Händie, als ihre Mutter von unterwegs anrief. Ihr Bruder Arthur überlebte knapp. An diesem Tag rettete er sich schwimmend in den vierten Stock und kam herauf. Am nächsten Tag stand das Wasser schon im sechsten. Nun wohnen wir alle drei hier. Viele kamen nicht mehr zurück und deswegen übernahmen die Leute aus den unteren Wohnungen, welche obdachlos geworden waren, die oberen. Die aus dem 4. Stock sind jetzt im 12. oder besser gesagt 5. Stock unseres Hauses, das früher 16 Etagen hatte.


Das Ereignis wurde als Naturkatastrofe (na klar!) eingestuft und wir bekamen überhaupt nichts von der Versicherung. Manchmal bringt uns das Militär Lebensmittel. Erst jetzt schicken sie regelmäßig Boote, um die Leute abzuholen. All die Küstenstädte sind überschwemmt und so herrscht völliges Chaos. Vieles muss erst wieder in Stand gesetzt werden, Kraftwerk, Telefonzentrale ... viele Tote, Vermisste ...


Selbstverständlich bin ich arbeitslos, weil der Flughafen Santos Dumont schon wieder zerstört wurde. Das erste Mal war es das Feuer und jetzt ist es das Wasser. Er ist buchstäblich untergegangen. Aber ich fand eine andere Beschäftigung. Mit der Hilfe und der Ausrüstung Arthurs lernte ich tauchen. Wir beide verbringen den ganzen Tag mit dem Tauchen nach Schmuck, Edelmetall, Lebensmittelbüchsen und allem möglichen, was wir brauchbar finden. Eines Tages fand ich einen Satz goldverziertes Silberbesteck und das war ein großer Festtag. Ich tauschte ihn mit dem CD-Wechsler gegen eine Taucherausrüstung, Essen und Medikamente, außerdem noch ein paar Sachen für Amanda. Du weißt ja, wie die Frauen sind: Trotz dem sie nicht einmal laufen kann, will sie sich mit Schmuck behängen. Diese Schieber verdienen sehr gut. Einige, die auf dem Hügel lebten, schafften es, Grundstücke einzufrieden, Sand anzuschütten und so einen neuen Strand zu bauen. Jetzt nehmen sie Eintritt und viele Besucher kommen. Die Einheimischen hier haben einfach für alles "den Riecher".


Der Verkehr hier läuft entsprechend den Möglichkeiten jedes einzelnen. Man verwendet Schiffe, Turbinenflöße, Schlauchboote, Kajake, Planken, Holz-oder Styroporbretter und alles was sonst noch schwimmt. Das solargetriebene Bondinho läuft noch, jetzt ist es eine Art Lastenfähre, die zum Holen von trockenem Holz vom Hügel herunter dient. So etwas bräuchte man zum alte Zeiten zurückholen versuchen. Eigentlich gehen wir nicht viel hinaus, außer zum Fischen (so nennen wir unsere Tauchgänge auf der Suche nach Sachen).


Uns gehen so viele Dinge ab, unsere Freunde, unsere Eltern, unser Hausrat, unser Leben, elektrisches Licht, Rechner...


Ich haben schon die ganze Wohnung durchsucht, aber ich habe nur wenige Dinge behalten können. Sag Mutti, dass ich wenigstens den goldenen Namenspatron von ihr noch habe. Zuerst trug ich ihn nicht aus Angst von Überfällen, jetzt aber habe ich ihn immer um den Hals hängen. Ich habe immer gespart, war auf der Hut aus Angst von Raub, Verschwendung, Verlieren oder Kaputtmachen ... und jetzt ist alles vergangen, mit nur einem Wimperzucken. Ich denke viel nach ... Warum hüten wir das alles, wenn wir früher oder später ohne es dastehen? Ich hätte die Taschenuhr vom Großvater Ricardo geben sollen, als er sie wollte. Ich habe sie nie benutzt und ihm niemals erlaubt, sie zu tragen. Jetzt ist er von uns gegangen. Ich hoffe, er verzeiht mir.. Sag ihm, ich umarme ihn von Herzen aus der Ferne. Nun, jammern hilft nicht. Ich danke Gott jeden Tag, dass es euch gut geht, ihr weit weg, sicher und gesund seid.


In Sehnsucht


Euer Rodrigo





Amanda faltet den Brief und legt ihn zur Seite. Sie dreht sich ein bisschen weg und spürt einen Schmerz im Bein. 'Besser als gar nichts mehr zu spüren' denkt sie und weiß, dass es nur für kurze Zeit sein wird. Wo der Bruch offen ist, schwirren Mücken herum. Mutlos verscheucht sie sie mit der Hand.


"Danke noch einmal, Dada" sagt Rodrigo, auf einer alten Gardine ausgestreckt, welche die Matratze ersetzt. Seine Hände hatten schwere Verbrennungen erlitten und sind seitdem verbunden. Deswegen lässt er seine Freundin die Briefe für ihn schreiben.


Amanda antwortet nicht. Sie steckt nur das Blatt in einen gebrauchten und glatt gestrichenen Briefumschlag, aufmerksam betrachtet von Rodrigo.


"Wann wirst du ihn aufgeben?"


"Heute nachmittag", antwortet Amanda. Ihr Hals schmerzt und sie spricht mit Mühe.


Rodrigo sieht zu, bis die Erschöpfung und das Fieber ihn wieder packen und er wieder einschläft. Liebevoll betrachtet ihn Amanda. Sie schleppt sich ins Badezimmer zu einer Kartonschachtel, aus der sie ein altes Stück Brot nimmt, an dem schon eine Küchenschabe nagt. Ihr Magen schmerzt und dieses Brot verschafft ihr etwas Linderung.


Sie geht zu einem Loch in der Wand, von dem sie den Deckel abnimmt. Durch diese Öffnung kann man die paar Meter hinunter sehen, wie das Papier im schmutzigen Wasser treibt und in der Strömung verschwindet. Rodrigo wälzt sich in seinem Bett und sie schaut zu ihm hin, um sicher zu sein, dass er weiterschläft.


Sie hatte schon versucht, ihn zu überzeugen, nicht mehr weiter zu schreiben, dass es weder die Post gab noch sonst irgendein Mittel, um mit seinen Eltern in Verbindung zu treten. Jedes Mal, wenn sie darauf beharrt hatte, hatte er einen Wutausbruch bekommen, was sogar so weit ging, dass er Feuer in dem von ihnen bewohnten Zimmer legte und sich ernsthaft verletzte. Im nächsten Augenblick vergaß sie es, oder besser gesagt: Löschte es aus ihrem Gedächtnis. Das war ihre Art zu glauben, dass es Hoffnung gab - Selbstbetrug um weiter zu leben. Besser so, denn andere Hoffnung gab es für sie keine.



Top






Renegado

Top


To be available soon.

Top











Serial Dri

Top


To be available soon.

Top











Devil Dri

Top


To be available soon.

Top